sábado, 29 de janeiro de 2011

Eis aqui a tua igreja

Essa afirmação explicita uma presunção dos crentes: que Deus tenha criado essa organização, e que ela seja seu instrumento para agir na Terra. Será isso mesmo?

Essa presunção contém uma dificuldade: se a igreja é de Deus, qual igreja é de Deus? Porque, se a igreja x é de Deus, isso implica, necessariamente, que aquelas que estão em contradição a ela não sejam de Deus. Ou será que cada uma tem um pouquinho de inspiração divina, e a igreja, de fato, seja essa elaboração etérea chama de igreja invisível?

Não vou seguir com essa argumentação, porque o propósito dela é apenas demonstrar a dificuldade que existe em considerar que a Igreja seja uma instituição divina. Nessa linha, vale argumentar, inclusive, que a infalibilidade papal é um conceito em sintonia com a ideia da divindade dessa organização.

A presunção de divindade faz mal à igreja. Se se considerar que ela é uma organização humana que se propõe a servir a Cristo, possivelmente se tornará mais saudável.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O desafio da Teologia

Teologia Sistemática, em si, é uma ideia contraditória. Como sistematizar Deus? A explicação tangenciada de que, na verdade, trata-se de conhecimento sobre Deus, e não de Deus em si, não resolve o problema. Em ultima instância, quer-se sistemativar Deus. Se Deus pode ser compreendido de maneira sistemática por alguém, aquele que o sistematizou tornou-se maior do que Ele.

Seria um esforco hercúleo sistematizar teologicamente os sinóticos. Jesus não se preocupou com teologia. Os textos daqueles evangelhos mostram que a preocupação dele era a vida. Seus discursos versam sobre questões práticas, cotidianas. Deixou de lado qualquer reflexão teológica e muito menos se preocupou em tratar de qualquer questão de maneira sistemática.

O que se considera como virtude - a construção do conhecimento sobre Deus - talvez não passe de fraqueza: não conseguimos viver imitando-o, queremos segui-lo se pudermos entendê-lo - ou algo assim.