segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Reino de Deus é o Reino sem Deus

Nossa, ainda bem que ninguém lê meu blog... Principalmente as pessoas para quem faria sentido que ele fosse escrito: os religiosos de origem protestante.

Ontem me veio essa ideia à mente: o Reino de Deus é o Reino sem Deus. Essa ideia se baseia em duas percepções que se cruzam e se fundem.

A história do reino de Israel no Antigo Testamento é a história do Deus de Israel, que comanda os eventos de forma magnífica, conforme este povo o busca ou dele se afasta. O rumo da história é definido como consequência da obediência ou da desobediência dos israelitas à Lei de Israel. Quando surge o novo reino, a Pedra do sonho de Nabucodonosor que substitui a antiga conformação dos reinos, que é aquele que o anuncia - Jesus - diz que esse reino tem outra natureza, e que não é deste mundo. Passo seguinte é verificar que Deus não mais atua na história como consequência da obediência ou desobediência de um povo, qualquer povo que seja. Essa é a primeira percepção.

A segunda percepção diz respeito ao protagonismo individual que surge, do cidadão do reino instado a amar: é ele que constrói o reino por meio da obediência e da prática da vontade de Deus: "(...) venha o teu reino, seja feita a tua vontade (...)". Conquanto ainda esteja presente o elemento ordenador da história, que é a obediência, a implantação do reino não surge como benção de Deus para o obediente, mas, como consequência de seus atos. Daí que o protagonismo humano se torna efetivamente mais importante.

Se isso faz algum sentido, passou-se de um conceito de conta-corrente, na qual a obediência gerava bençãos de prosperidade (crédito) ou maldição e exílio (débito), para uma situação na qual é a consequência da obediência que produz o ambiente que pode ser chamado de reino de Deus. O indivíduo é reponsável pelo estabelecimento do reino. É o reino de Deus sem Deus, é o reino no qual sua vontade se estabelece pela busca do homem que ama Jesus de Nazaré.

Faz sentido?