Já tentei, anteriormente, esboçar a idéia do perdão ao ser, e não ao fazer - perdoar o outro pelo que ele é. O desenvolvimento lógico desse conceito é o perdão mútuo ao longo do tempo, no passar dos anos.
O perdão pontual normalmente é mais dolorido no momento, mas cria uma forte sensação de leveza a seguir. O perdão "a longo prazo" é um exercício de dor e paciência continuas, tendo como resultado a leveza mais fragmentada.
Para o estabelecimento de relações saudáveis é necessário o perdão do ser, continuamente.
As relações se corroem na medida em que não conseguimos praticar o perdão contínuo. E o beco sem saída se constata quando enfrentamos o fato de que não é possível viver sem estabelecer relações de convivência.
A prisão do ser nesse ciclo que parece sem fim é resultado de um desajuste cósmico, para o qual esperamos a redenção.
Compilação de minhas reflexões, particularmente teológicas. Embora muitas delas expostas como certezas, tratam apenas das minhas (in)certezas, sem grandes pretensões. É um diário da evolução do "eu creio".
domingo, 31 de maio de 2009
Sede de Deus?
Para mim, tem sido comum ouvir: "as pessoas estão com sede de Deus!"
Verdade? Sede de que deus?
A noção da existência de Deus não varia muito. A idéia de Deus pressupõe um ser superior, o criador do Universo e da vida. Sede de Deus implica, portanto, inicialmente, sede do criador.
Outras implicações daí decorrem.
Se há um Deus criador a existência não é um caos destituído de sentido. Há uma vontade divina a ser seguida - ou não. Sede de Deus implica, em segundo lugar, sede da vontade de Deus.
Para os cristãos, tal vontade foi expressa, de maneira concreta e definitiva, na vida de Jesus de Nazaré: vida de serviço e de entrega.
As pessoas não têm sede desse Deus, têm sede de um deus escravo a sua própria vontade. Têm sede de si próprias, de seus desejos e vontades. Muito menos os cristãos demonstram querer o exemplo de seu primeiro irmão.
Estariam de fato, com sede de Deus? Dispostos a seguir um Deus que seja outro e não elas mesmas?
Verdade? Sede de que deus?
A noção da existência de Deus não varia muito. A idéia de Deus pressupõe um ser superior, o criador do Universo e da vida. Sede de Deus implica, portanto, inicialmente, sede do criador.
Outras implicações daí decorrem.
Se há um Deus criador a existência não é um caos destituído de sentido. Há uma vontade divina a ser seguida - ou não. Sede de Deus implica, em segundo lugar, sede da vontade de Deus.
Para os cristãos, tal vontade foi expressa, de maneira concreta e definitiva, na vida de Jesus de Nazaré: vida de serviço e de entrega.
As pessoas não têm sede desse Deus, têm sede de um deus escravo a sua própria vontade. Têm sede de si próprias, de seus desejos e vontades. Muito menos os cristãos demonstram querer o exemplo de seu primeiro irmão.
Estariam de fato, com sede de Deus? Dispostos a seguir um Deus que seja outro e não elas mesmas?
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Acerca do casamento
Casamento por amor é uma instituição recente. Nessa nova configuração, a constituição das famílias deixou de ser vista como questão funcional, como organização social. O indivíduo ganhou importância e tomou as rédeas da decisão sobre sua união conjugal, em detrimento de outros atores sociais que antes faziam os acertos para o casamento dos jovens.
Trata-se de conquista da modernidade. Será mesmo?
Outra conquista, posterior a essa, é a facilidade para se dar fim ao casamento, como consequência lógica do amor que acaba. Se surgiu por causa do amor, desparece na sua falta.
Dietrich Bonhoeffer resolveu o problema, ao escrever, da prisão, uma alocução para o casamento dos amigos Eberdard e Renate Bethdge: "o amor os trouxe até aqui, de agora em diante o casamento é que sustenta o amor de vocês".
Nessa visão, a conquista pessoal não se degenera na irresponsabilidade social.
Trata-se de conquista da modernidade. Será mesmo?
Outra conquista, posterior a essa, é a facilidade para se dar fim ao casamento, como consequência lógica do amor que acaba. Se surgiu por causa do amor, desparece na sua falta.
Dietrich Bonhoeffer resolveu o problema, ao escrever, da prisão, uma alocução para o casamento dos amigos Eberdard e Renate Bethdge: "o amor os trouxe até aqui, de agora em diante o casamento é que sustenta o amor de vocês".
Nessa visão, a conquista pessoal não se degenera na irresponsabilidade social.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Fé engajada?
Esse é o título de uma propaganda da Ultimato que acabo de receber. Pergunto-me: existe tal coisa como uma fé não engajada? Acho que não, ainda mais considerando-se que se trata de fé em Jesus Cristo.
Fé em Jesus Cristo significa engajamento no reino de Deus. Essa idéia não admite a estranha possibilidade que foi criada pelo protestantismo: crer sem obedecer, que equivale à fé sem engajamento.
Não existe tal coisa. Seguir Jesus não se resume a essa crença etérea que o protestantismo supõe existir. Seguir Jesus implica, necessariamente, obediência, ou, na linguagem da Ultimato, engajamento.
Do contrário, não se trata de fé em Jesus Cristo.
Fé em Jesus Cristo significa engajamento no reino de Deus. Essa idéia não admite a estranha possibilidade que foi criada pelo protestantismo: crer sem obedecer, que equivale à fé sem engajamento.
Não existe tal coisa. Seguir Jesus não se resume a essa crença etérea que o protestantismo supõe existir. Seguir Jesus implica, necessariamente, obediência, ou, na linguagem da Ultimato, engajamento.
Do contrário, não se trata de fé em Jesus Cristo.
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