segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Somente o que for permitido

Kowalski caminhava rapidamente em direção à porta quando um raio queimou o quadro de força de sua casa. A escuridão que tomou conta de sua casa o fez tropeçar no porta-revista que ficava ao lado do sofá, para, em seguida, desabar à frente da escada. A cabeça bateu de leve no primeiro degrau, o suficiente para fazer um galo doído.

Mas, ao mesmo tempo, do outro lado do planeta faltava água em uma pequena ilha da Indonésia.

Quando fazia sua caminhada, na manhã daquele dia, Osmir deu conta de que as mangueiras da capital brasileira já estavam cheias de frutas. Lúcia, que o acompanhava perguntou se ele iria colher algumas para si. Osmir respondeu, com um certo cinismo: só o que for permitido.

A luz não voltou, a água chegou, e as mangas não amadureceram.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Tudo começou com minha desconfiança a respeito de Paulo...

...pois percebi uma grande diferença entre sua mensagem e a de Cristo. Paulo falava de Cristo, não o que Cristo falou. É muito diferente. Ele olha para Cristo e tenta entender sua vida e obra. Cria conceitos, faz teologia. Organiza a igreja, cria inúmeras regras, leis.

Paulo é apóstolo autoproclamado. Seu caminho é distinto daquele de Pedro e demais discípulos. É bem tratado por Pedro, mas dispara contra ele. Paulo é o arauto da verdade, o grande precursor do protestantismo.

Bultman dá graças a Deus por Paulo ter criado o cristianismo como o fez, do contrário, segundo ele, o Caminho teria sido apenas mais uma seita judaica desparecida no tempo.

Paulo trouxe para o evangelho conceitos da filosofia grega que nada tinham a ver com o judaísmo de Cristo e seus discípulos - e prevaleceu.

No mesmo livro colocamos mensagens que chegam próximas à oposição. Nieztche desenvolve essa ideia da oposição entre Paulo e Cristo, em O Anticristo. É categórico a esse respeito. Não tenho condições de fazer a análise tão adequada, mas mesmo que de maneira mais superficial, desconfio de Paulo.

Há coisas boas em Paulo, mas não creio que possamos colocá-lo em pé de igualdade com os evangelhos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Sou da direita reacionária

Sempre desconfiei de mim mesmo.

Afinal, cresci assistindo Combate e torcendo pelo sargento americano, representado pelo ator Vic Morrow, na luta contra os malignos e estúpidos nazistas. Aprendi a torcer pela cavalaria contra os apaches. Fui doutrinado em uma teologia protestante que via na União Soviética o Império do Mal e no Mercado Comum Europeu a besta do Apocalipse. Morei em Brasília toda a minha vida - exceto por curtos períodos fora, um deles de um ano na Califórnia. Assistia aos desfiles militares da ditadura no Eixão. Não fazia ideia de que existia uma guerrilha no Araguaia e acreditava que os terroristas procurados pela ditadura estavam errados ao pegar em armas.

O país que eu mais queria conhecer eram os Estados Unidos. Nunca gostei de Karl Marx, e, a bem da verdade, entendia muito pouco de seus textos. Abominava a ideia de que a Albânia era modelo de qualquer coisa que fosse. Nunca entendi como Fidel Castro pudesse ser exemplo de líder a ser seguido. Tinha enorme dificuldade para aceitar a agressividade, arrogância e superioridade moral do pessoal de esquerda.

É verdade que, em alguns momentos, adotei algumas posturas inadequadas em relação a esse passado capitalista e reacionário. Participei bastante do movimento das Diretas Já. Organizei manifestações de apoio à volta da normalidade democrática. Envolvi-me com a Teologia da Missão Integral da Igreja e com a Teologia da Libertação. Filiei-me ao PPS quando o partido ainda era de esquerda. Votei no Lula desde sempre.

Mas, nos dias de hoje, minha convicção se firmou completamente. Não tenho mais dúvidas.

Vejam só: sou contra e luto contra a corrupção. Acredito que a governabilidade é um mito usado para justificar a ladroagem. Sou a favor da Ficha Limpa. Acho que o TCU deve paralisar obras com irregularidades. Penso que corruptos e demais criminosos devem ser presos.

Sou de direita.