domingo, 11 de novembro de 2012

Campos missionários

Era um domingo de manhã, há quatro anos, atrás, quando eu entrei no plenário central da XIII IACC (Conferência Internacional Anti-Corrupção), promovida pela Transparência Internacional (TI), em Atenas. O ambiente era de culto protestante, sensação que aumentou quando Frank Vogl tomou a palavra e discorreu sobre salvar os pobres de sua pobreza.

Frank Vogl é a alma do movimento criado pela TI, seu profeta visionário.

O ânimo daqueles que lutam contra a corrupção assemelha-se ao dos missionários protestantes que partem para todas as regiões do mundo desejosos de compartilhar as boas novas do evangelho. O ambiente no qual se travam os debates se assemelha em espiritualidade aos congressos missionários dessas igrejas.

Para Gianni Vattimo, esse tipo de atividade (combate à corrupção) é nada mais nada menos do que a vivência concreta da mensagem de Cristo, no âmbito do processo de secularização que não significa uma superação do cristianismo, mas sua extensão às questões concretas da humanidade. Esse processo seria, portanto, intrínseco ao cristianismo.

Ontem tivemos o encerramento da XV IACC, aqui em Brasília. No "culto" de encerramento, Barry O'Keefe indicou o país escolhido para a próxima IACC: a Tunísia. Emoção no Plenário. A Jasmine Revolution, que tirou do poder o ditador que por ali ficou por 23 anos ainda é fato recente. Segundo o representante do governo tunisiano, presente ao encontro, aquele país deseja seguir no caminho da integridade na gestão dos recursos públicos. Enquanto ele discursava, eram exibidos slides da revolução, dos protestos, das marchas, das caminhadas. Fiquei emocionado.

Salvo algum fato de maior importância, estarei na Tunísia em 2014, esse campo missionário.