Aqui, se tivermos coragem de admitir, veremos que a fé é colocada como um elemento autônomo, sem objeto. Não se trata de fé em Cristo, trata-se apenas de fé. Essa é uma contestação perturbadora: o próprio Cristo não exigiu que a fé que move montanhas fosse fé nele, Cristo.
Além disso, e talvez seja necessário ainda mais coragem para admitir, a fonte do poder que resolve o problema não é ele, Cristo, mas aquele que tem fé. Isso está implícito também no texto que fala da fé que move montanhas.
É assim que enxergo os textos. Talvez os doutores em grego possam me provar o contrário. No português me parece bem claro: Cristo não tem uma visão cristã sobre fé - como de resto, não tem também sobre outras questões.
Dois alertas: eu preferia não chegar a tal conclusão, pois essa fé autônoma é o objeto do desejo da autoajuda, e se encaixa bem com a teologia da prosperidade; e, a reflexão aqui não tem o objetivo de minimizar o poder de Cristo.