sábado, 12 de setembro de 2009

No limiar de uma nova compreensão

Talvez o grande desafio do tempo presente seja a redefinição do significado da cruz de Cristo. Não que alguém esteja preocupado com essa temática - ao contrário, a cruz de Cristo está rapidamente desaparecendo do culto cristão protestante, ao mesmo tempo em que continua com os mesmos significados reducionistas no âmbito católico.

Um dos motivos pelos quais a cruz perdeu espaço no culto protestante diz respeito à impossibilidade de se explicar, logicamente, como a morte de Cristo na cruz pode legar ao ser humano a salvação de sua alma. Esse fundamento da fé cristã é dogmático, inexplicável. Creio que a morte de Cristo produz vida, sim, mas não na perspectiva de que o seu sacrifício opera a salvação do ser humano que, condeando ao inferno por causa de seu rompimento com Deus, está agora com ele reconciliado mediante a morte do Cristo na cruz e com presença assegurada na eternidade dos santos.

Como essa ideia não é compreensível ao homem pós-moderno, acabou sendo deixada de lado. Assim, surge o ambiente adequado para o trágico acontecimento que é o progressivo esquecimento, no âmbito protestante, da morte de Cristo, e morte de cruz.

A releitura do fato vai deixar de lado a antiga ideia (central no protestantismo) de que a morte de Cristo é um presente a ser recebido, para concentrar-se na ideia de que a cruz de Cristo é um exemplo a ser seguido - quem quiser salvar a sua vida deverá tomar cada dia a sua própria cruz. A cruz é o resultado natural da vida que Jesus levou. Possivelmente, aqueles que forem comprometidos com os valores do reino de Deus terão o mesmo destino.

A cruz é a consequencia da coerencia de quem viveu crendo que deveria amar de todo coração a seu próximo. De quem denunciou os homens que, no poder, oprimiam seus semelhantes. De quem negou-se a se conformar com uma sociedade despedaçada e sofrida.

Mas, se já esqueceram a ideia do presente recebido, estariam minimamente dispostos a considerar o exemplo a ser seguido?

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