sexta-feira, 20 de maio de 2011

Salvação e interpretação

Lendo Vattimo, pude compreender melhor a ideia de porque a salvação anunciada em Jesus pode ser considerada um evento hermenêutico: "Cristo é a interpretação viva do sentido da lei e dos profetas (...) muito embora a salvação esteja essencialmente 'completada' com a encarnação, paixão, morte e ressurreição de Jesus, ela ainda espera uma complementação ulterior".

Além disso, diz Vattimo, "em um sentido mais imediato (...) nos referimos à pregação e à explicação pastoral dos textos sagrados aos fiéis". Nessa tradição cristã, demonstra-se com clareza a natureza interpretativa da salvação.

Se a história da salvação não está completa, mas vai se desenrolando e se estabelecendo na história, também a interpretação continua sendo necessária. Ao tempo em que os acontecimentos salvíficos se sucedem, é indispensável compreendê-los.

Para compor melhor essa noção de progressão e continuidade hermenêutica seria muito útil considerar que a interpretação começa na própria Bíblia, em tudo aquilo que é posterior a Jesus, particularmente nas cartas de Paulo. De fato, Paulo olha para Cristo e interpreta sua vida e obra, em modo muitas vezes diverso da própria pregação do Senhor.

Assim, compreendendo que os escritos paulinos são, essencialmente, hermenêuticos, e não fonte inerrante, abrir-se-ia melhor o caminho para o desenvolvimento contínuo da interpretação, ao longo dos tempos.

Um comentário:

MARIA disse...

Realmente, como dizem os jovens Paulo foi "o cara" no tocante à interpretação de Cristo, bem como um incansável divulgador do Cristianismo. Não sei se aceitaria uma sugestão, leia Paulo e Estevão..