domingo, 1 de abril de 2012

A soberba do que tem muito - Isaías 2

A previsão de Isaías é espantosa: nações desejando aprender, conhecer os caminhos de Deus. Elas afluirão para Sião, de onde sairá a lei, para Jerusalém, de onde sairá a palavra do Senhor. Nesse momento, Deus julgará entre as nações, mas, surpreendentemente, o resultado é que elas serão corrigidas, e converterão suas espadas em relhas de arados e suas lanças em podadeiras, e a guerra terá fim: uma nação não levantará a espada contra outra nação.

Deus reclama, novamente, e passa a listar os pecados da casa de Jacó:

- Adotaram a corrupção do Oriente;
- Tornaram-se agoureiros;
- Associaram-se com filhos de estranhos;
- Enriqueceram-se;
- Encheram a terra de ídolos.

Daqui vale destacar a condenação do enriquecimento, cuja conceituação é muito interessante: muita prata, tesouros sem conta, muitos carros e cavalos. Onde está o erro, aqui? O livro de Deuteronômio já havia falado sobre isso. Discorrendo acerca do tempo em que os hebreus viriam a ter um rei, o Senhor assim os admoesta:

"Quando entrares na terra que te dá o Senhor (...) estabelecerás com efeito, sobre ti, como rei aquele que o Senhor, teu Deus, escolher (...) porém este não multiplicará para si cavalos (...) tampouco para si multiplicará mulheres, para que seu coração não desvie; nem multiplicará muito para si prata ou ouro".

O conceito do muito tem a ver com a soberba e a altivez que decorrem das posses adquiridas, tema que Isaías trata logo a seguir:

"Os olhos altivos dos homens serão abatidos, sua altivez será humilhada".

E se faz uma descrição ampla da destruição dos altivos, do abate dos arrogantes, dos que pensam de si mesmo como não convém. A linguagem é dura:

"Porque o dia do Senhor dos Exércitos será contra todo soberbo (...) contra todos os cedros do Líbano, altos (...) contra todos os carvalhos de Basã (...) contra todos os montes altos (...) contra todos os navios de Társis (...) A arrogância do homem será abatida e a sua altivez será humilhada (...) Afastai-vos pois do homem cujo fôlego está no seu nariz".

O Senhor se compraz daquele que, mesmo não o conhecendo, tem um coração contrito, agradecido e humilde, e se coloca contra altivos, soberbos e arrogantes.

Naquele dia "só o Senhor será exaltado". Vamos ver se conseguimos uma boa abordagem dessa questão mais a frente. Em algumas passagens como essa, ficamos com a impressão de que o Senhor é um deus manhoso, que exige adoração para não derramar sua fúria sobre todos, um deus que precisa ser pacificado e acalmado mediante oferendas.

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