quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O esvaziamento necessário

(Pequena pausa na sequência de posts sobre a oração de Jesus, que logo retorna).

A experiência humana é inversa à de Deus.

O ser humano nasce do nada e sem nada, e ao longo de sua existência acumula e enriquece. Deus é tudo, tem tudo e não é nascido. Aquele que tem tudo e é tudo, no entanto, deixa tudo para se tornar nada. Nada acumula, e na cruz morre sem nada.

Paulo fala na kenosis, a experiência do Deus que, em Cristo, se esvazia. Os teólogos ortodoxos se apressaram em entender uma kenosis que não retirasse de Deus seus atributos, pois, sem eles, não seria Deus. Isso tem pouca relevância para nosso dia a dia. Imitar a kenosis de Cristo, no entanto, faz toda a diferença.

A vida do ser humano dura pouco tempo, é como uma erva que nasce e logo seca. Nesse breve lapso de tempo ele é convidado a inverter seu caminho de acumulação e enriquecimento, para olhar de volta o ventre e desejar o retorno à ausência de bens. Convidado a desfazer a acumulação e o enriquecimento. A caminhar para a cruz da entrega de tudo.

O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.

Um comentário:

Alcinélia disse...

Sempre fico me questionando o porquê do ser humano buscar freneticamente o enriquecimento, o acúmulo de bens materiais.
Se somos criados à imagem e semelhança de Deus, parece um contrasenso sermos tão apegados com matéria. É como se fosse um defeito de fábrica, pois a natureza do homem é querer ganhar mais e mais.
Bem, não podemos nos esquecer da nossa natureza pecaminosa, talvez venha daí a explicação de sermos tão diferentes do Pai e do Filho neste aspecto.
Que Ele nos ajude a nos desapegarmos das coisas que não são eternas e que busquemos os valores do alto!