quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Venha o teu reino, seja feita a tua vontade

Esse post é essencialmente conceitual. Vamos lá.

O reino de Deus equivale à vontade de Deus. Ou seja, tanto mais o reino se estabelece quanto mais a vontade de Deus é praticada. Quanto mais de um (vontade de Deus praticada), mais de outro (estabelecimento do reino de Deus), quanto menos de um, menos de outro.

Resta saber, no entanto, o mais difícil: afinal, o que é a vontade de Deus?

A argumentação fácil, mas impossível de ser compreendida, é de que a vontade de Deus são os seus ensinamentos, que estão espalhados por toda a Bíblia. Esse é uma definição inviável, pois da Bíblia se extrai fundamento para posturas e atitudes que podem ser opostas umas às outras.

Minha definição simples é que a vontade de Deus equivale à melhor decisão possível, em cada situação vivenciada, tendo em mente a máxima "amar ao próximo como a si mesmo". Nessa linha de pensamento, não existe um cânon do certo e do errado, uma cartilha a ser seguida, como, mesmo que informalmente, têm todas ou quase todas as religiões.

Dietrich Bonhoeffer explica com clareza que a vontade de Deus só se estabelece nas situações concretas, não existindo o certo e o errado por antecedência. Sua compreensão teológica a respeito do tema vem de sua prática: matar é errado, mas ele entendeu que como discípulo de Cristo deveria participar do atentado contra a vida de Hitler.

É complicado levar esse paradigma, ou ausência de paradigma, às últimas consequências: os seres humanos preferem parâmetros claros e bem estabelecidos que possam seguir, e que possam ser utilizados na hora de se tomar decisões. Do outro lado, existe a liberdade de decidir e arcar com a responsabilidade dos próprios atos, a partir da observação à máxima acima mencionada.

O reino vem não como um passe de mágica, ou um vento que sopra, mas como resultado da orientação em seguir os passos de Jesus de Nazaré, que viveu por amor ao próximo.

Um comentário:

Alcinélia disse...

Seguindo essa linha de raciocínio, temos que abrir mão do velho(e seguro) conceito de que a vontade de Deus para a nossa vida está inserida na Bíblia, em todos os aspectos, de forma detalhada... Se avaliarmos bem,seguir a cartilha é como se estivéssemos ainda sob a égide da Lei - Antigo Testamento, 10 mandamentos e por aí vai.
No entanto, após a vinda de Cristo, estamos sob a égide da graça, portanto todos os mandamentos se resumem a dois - amar a Deus sob todas as coisas e a seu próximo como a si mesmo.
Fica mais fácil descobrir a vontade de Deus se focarmos na essência da pregação de Cristo.
Creio que a vontade de Deus vai se tornar clara a partir do ponto em que trilharmos os passos de Cristo. E consequentemente, o seu reino será estabelecido!